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TPM - Tempo Para Mergulhar (em si mesma)




Cresci ouvindo as mulheres da minha família dizerem que os dias prévios à menstruação eram um inferno. E a menstruação em si, um inferno maior.


Aprendi a dizer isso também, e como consequência, aprendi a me sentir desta forma.

Nunca tive problemas sérios, meu fluxo era relativamente normal, sentia cólicas no primeiro dia e mais pra frente comecei a sentir dores de cabeça também, além de uma irritabilidade que eu não sabia de onde vinha.

As dores aumentaram, o fluxo também e comecei a sentir todos os sintomas da temida TPM.


Frases como:

“Sinto-me numa montanha russa emocional!”

“Ando tão irritada, só me deitar e fazer todo resto desaparecer!”

“Choro por tudo e por nada!”

eram muito comuns.


Entendo bem que dizer a uma mulher que sofre de disfunções menstruais que elas tem de “abraçar” a sua menstruação pode soar, no mínimo, loucura.


Como uma mulher que sofre de tensão pré-menstrual, dores menstruais, hemorragias fortes ou enxaquecas pode olhar para a menstruação como uma coisa que se quer “abraçar”?


Posso garantir que é a falta de conhecimento que leva a esse extremo.

A falta de orientação e o senso comum nos levaram a nos afastarmos dos nossos corpos mês a mês, a cada ciclo, como nos afastamos instintivamente de alguém que nos quer mal.


Porque é exatamente assim que nós, mulheres nos sentimos: que o nosso corpo é falho, incapaz, que não funciona bem porque precisamos sangrar, que não é forte como o dos homens, que nos deixa mal.


E é exatamente esta relação que tem de ser trabalhada. Trazer os dois (mente e corpo) de volta à unidade. Sabe quando você briga com sua melhor amiga e precisa tentar desfazer o mal-entendido que originou a desavença e melhorar a comunicação?

É assim que a nossa menstruação deve ser tratada, porque quando isso não acontece, fica faltando um pedaço da gente.

Sendo assim, pergunte ao seu corpo: “ Corpo, o que você me está tentando me dizer?” e, em simultâneo, “o que posso fazer para te ajudar”?


Talvez ele lhe esteja tentando te dizer para cuidar mais de si, para dizer “não” mais vezes (não quero; não gosto; não vou), para escolher melhor os seus alimentos, as suas relações, para administrar seu tempo de outra forma.


É claro que temos a nossa vida, nosso trabalho que não pode esperar, filhos (eventualmente) e não podemos nos desligarmos dessas demandas, mas deixa eu te dizer: o dia tem 24 horas e podemos dentro desse tempo que nos é concedido todos os dias, encontrar um tempo e um espaço para estarmos em estado de solitude, apreciando a nossa própria presença e cuidando de nós mesmas.


Seja gentil consigo mesma. Ofereça-se uma ida ao cinema sozinha quando for possível, um spa para seus pés com ervas naturais e água morna, ou separe uma horinha para passear e praticar a apreciação das pequenas coisas, deixe os filhos uma tarde com os avós, tios, amigas (crie uma rede de apoio), faça aquela coisa que você se promete há tanto tempo... E aproveite sua própria companhia sem culpa.


Os seus níveis de progesterona estão em alta nesta fase e esta, entre muitas outras coisas, é o hormônio da introspeção – e da intuição – e, por isso mesmo, nos inverte para dentro (o que explica o nosso grau de irritação com o excesso de solicitações externas).


E a parte melhor deste processo é descobrir, a cada ciclo, que este “tempo para mergulhar” quer dizer coisas diferentes para cada uma de nós, mulheres, e que quanto mais nos dermos daquilo que precisamos, melhor nos vamos sentir.


Talvez a sua primeira tentativa de transformar a sua TPM num tempo para mergulhar em si mesma não seja maravilhosa. Mas por favor não desista! A prática leva à perfeição e, afinal, fazer as pazes com o seu corpo é um investimento para a vida.

Esta pequena alteração na forma como vai olhar o seu ciclo, contribuirá para um olhar positivo em relação à sua menstruação, e estudos recentes já demonstraram o quão essencial este olhar se torna na atenuação de sintomas das disfunções menstruais.


Se a menstruação ainda não é uma parte boa da sua vida saiba que, apesar do processo poder ser longo, será sempre no sentido de si própria e esta é apenas uma parte do caminho.

Se não sabe por onde começar, comece por aqui...

Escrever é a melhor forma de se conhecer melhor.


Um beijo e um sorriso,


Maia


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